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quinta-feira, 8 de março de 2012

CAPÍTULO 21 - DONA SENHORINHA MARIA DA CONCEIÇÃO BARBOSA DE LOPES

 


CAPITULO  VINTE E UM


DONA SENHORINHA MARIA DA CONCEIÇÃO BARBOSA DE LOPES



Senhorinha Maria da Conceição, Barbosa, sobrenome do Pai, Antônio Gonçalves Barbosa (a mãe chamava-se Maria Vitória de Jesus) e Lopes, do seu esposo José Francisco Lopes (Guia Lopes)”. O primeiro casamento, foi com Gabriel Francisco Lopes, irmão mais velho que José Francisco Lopes.

Segundo  as crônicas históricas, que  no ano de 1835, Antônio Gonçalves Barbosa, residia na região paulista de Franca, cuja família era uma cruza de sangue, Português por parte de Pai e Alemão por parte de Mãe. No primeiro casamento fora casado com Ana Maria da Costa e tivera apenas uma filha.  Em segundas núpcias  fora casado com Maria Vitória de Jesus, com a qual tiveram nove filhos, entre eles Dona Senhorinha.  Antônio  era originário de Sabará, Minas Gerais, onde fora  furriel, guarda do ouro da coroa  portuguesa.  Os Lopes (Gabriel e José Francisco) também eram originários de Minas Gerais e neto de Portugueses. Ler Capítulo VI e XII.
Gabriel, casou-se com a jovem Senhorinha de apenas 14 anos de idade, ainda em Santana do Paranaíba, despojada, foram residir com o Marido no local denominado de Estância Monjolinho, juntamente com um grupo de escravos, sendo dois alforriados e que mais tarde acabaram assassinando o próprio Gabriel.   Gabriel havia prometido propriedades e gado em troca dos préstimos pelos serviços, uma vez que nesta época dinheiro muito pouco existia, quase tudo era baseado em trocas: pagava-se um empregado ou serviços em troca de mercadoria ou serviço.



      Assim começou a Estância Monjolinho:  (No Município de Bela Vista-MS.) o próprio nome já diz – monjolo, engenho tosco movido à água, empregado para pilar milho, preparo de canjica, descascar arroz, biju e outros produtos que precisam de soques ou descascas.



      Assim começou a Estância Monjolinho:  (No Município de Bela Vista-MS.) o próprio nome já diz – monjolo, engenho tosco movido à água, empregado para pilar milho, preparo de canjica, descascar arroz, biju e outros produtos que precisam de soques ou descascas.

No ano de 1847, 18 de maio, faleceu Gabriel.    Quando casei com José fui morar na fazenda, de onde não mais saí até a Guerra, depois não tive paradeiro certo, acabei terminando os meus dias em Bela Vista.


As lembranças da Guerra não me são agradáveis, e não poderiam ser mesmo.  A Guerra é sempre um pesadelo que não vemos a hora de terminar e começar a liberdade.


Fui presa pelos Paraguaios, pois quando eles souberam, que nós estávamos ocupando estas terras, eles queriam que nós comprássemos deles ou então pagasse imposto.  Nunca concordamos, pois como dizia Gabriel, "quem chegou primeiro, é o seu dono e não importa se seja do Império ou da República do Paraguai, o que sei, é que daqui não sairei".



E não saiu mesmo.

Numa ocasião, manhã bem cedo, quando nos  preparávamos para os afazeres, fomos surpreendidos pelos guaranis, que em voz de Guerra diziam que nos rendêssemos e não haveria mortes, e que eles só queriam era o Gabriel.



Quando souberam da sua morte, não acreditaram, uma vez que a ordem era vivo ou morto.   Então cavaram a sepultura para confirmar a existência do corpo.  Conversaram e depois decidiram levar-me como prisioneira para o Paraguai.  Foi a minha primeira prisão pelos paraguaios.


Levou a mim, meus filhos, mais dois escravos servidores que juraram irem comigo onde fosse.  Fomos acorrentados em algemas de escravos, caminhando atrás dos cavalos, ora cavalgando no lombo das nossas bestas por eles raptadas.


A dor no Paraguai, não foi por menos.  Queriam que pagássemos indenização da ocupação da propriedade, uma vez que fomos os primeiros ocupantes nas cercanias com o Paraguai.


Foi então, quando José e outros suplicaram junto ao Governo Paraguaio para libertar-nos e que deixasse para o Imperador e Presidente da Província verificarem os limites da propriedade.  E que se fosse decidido  que pertenceria ao Império, permaneceria, caso  não, afastaria ou pagaria pela propriedade.

                                              
As autoridades paraguaias concordaram, uma vez que já havia outras questões de terra na fronteira.


Posta em liberdade vim morar com José, não fui mais para a velha fazenda.

Com José tive seis filhos, quatro homens e duas mulheres




Fotografia sob pintura de José Francisco Lopes,  O Guia Lopes. Figura 01.

José foi um dos pioneiros na região e muito colaborou com os Barbosas no incentivo a vinda de famílias  das Províncias de Goiás, Minas e São Paulo.   Muitas foram às caravanas, mas poucos foram os que ficaram, precisava mais que aventura precisava de sangue mestiço do sertanejo arrojado, para morar longe das cidades.


Antonio Gonçalves Barbosa, meu pai, com seus muitos filhos e irmãos, ocupou os espaços da Serra de Maracaju, Planalto serrano; somente Manoel, foi o primeiro que desceu a serra, pioneiro em  Nioaque, filho de Inácio, meu tio.


No ano de 1864, muitas já eram as fazendas nas cercanias.   Na  fazenda, sempre se plantou de tudo o que era necessário para consumo nosso e da fazenda.

José sempre foi muito atencioso com suas coisas e que jamais perdeu uma planta ou rês por falta de cuidados.


Os rumores de que o Império poderia ser invadido, nunca foi novidade para os moradores da região.  Sempre tínhamos visitas de mercadores paraguaios  e outros viajantes que traziam notícias da vizinha República.


O que não esperávamos, era que haveria um confronto direto com a nossa região, falava-se que era mais pelo sul.  Falava-se de um exército bem treinado e de uma esquadra bem equipada.


Os rumores da invasão da nossa região havia sempre, pois o Paraguai reivindicava  do Brasil as propriedades que os colonos havia ocupado, que não estavam obedecendo aos limites,    alguns falavam até o Apa outros até o Miranda, o certo é que nunca ficou claro a quem  a terra pertencia, temíamos, sim, uma invasão, mas nunca uma Guerra.


Quando se soube que o Paraguai declarou Guerra ao Império, quem morava na fronteira, procurou logo evacuar o gado das fazendas e proteger os pertences como se pode.


A maioria das famílias subiu a serra de Maracaju, onde se acreditou que não atacariam, assim foi feito, muito embora os paraguaios foram além da serra.


José, na ocasião, não se encontrava na fazenda, havia ido para a vila de Miranda, fazer a entrega de um rebanho de gado, juntamente com nosso filho mais  velho. 


      Lá de Miranda, José soube da invasão, pois a notícia correu muito rápida, pois todos a temiam, teve pressa a retornar à  fazenda.


Desviou a rota da boiada e veio em busca de apoio em Nioaque, mas quando chegou, já era tarde.   Eu e tantos outros colonos que não nos rendemos, fomos feitos prisioneiros de guerra.  E lá me ia novamente presa  pelos paraguaios para o Paraguai.


No Paraguai, fiquei presa por mais de três anos.  Ficamos todos amontoados, não havia as mínimas condições de vida.  Muitas almas perderam a esperança da liberdade, morriam de doenças, outros suicidaram, outros eram mortos na tentativa de fuga desesperada.


Quando tivemos a liberdade em 17 de outubro de 1869, graças à operação do General Antônio Corrêa Câmara, para onde havíamos sido conduzidos com tantas outras famílias, parentes e amigos.  Ficamos na Vila de Orqueta, desde 1866, quando para lá fomos conduzidos.


Quando tivemos a liberdade, não foi possível retornarmos, porque a Guerra ainda não havia acabada, acabamos por permanecer por mais alguns meses, nos próprios presídios, principalmente mulheres e crianças.  Os homens procuraram um meio de fuga e retornariam para nos buscar assim que tivessem um lugar seguro, só que ninguém apareceu.


Quando retornei para o Brasil, não retornei mais para a fazenda Jardim e sim para a fazenda Itá, também às margens do Miranda, onde acabei criando os filhos.


Dona Senhorinha Maria da Conceição Barbosa Lopes, fotografia tirada no dia de 15 de novembro de 1912, quando homenageada  pelo 3º Regimento de Cavalaria (ex- 7º Regimento de  Cavalaria Ligeira), na cidade de Bela Vista. Figura 02. Arquivo do autor.
Dona Senhorinha faleceu em Bela Vista, no dia 26 de Janeiro de 1913, querida e  estimável, escreveu Miguel Palermo: “generosa e benfazeja gozava de sincera estima geral e terno amor de seus filhos e numerosa parentela.  Bondosa, meiga, carinhosa e hospitaleira, dona Senhorinha à primeira vista fazia nascer princípios de tão bela atração que não havia pessoa alguma por mais indiferente que fosse, que não saísse impressionado favoravelmente do seu trato".   "Com lucidez sem igual, referia-se a quem lhe pedisse, os sacrifícios passados, consistente na prisão de 1849 e a perda dos seus haveres naquela época, na sua segunda captura como prisioneira de Guerra de 1864-1870, na perda de seu segundo marido e dos três filhos voluntários à Pátria, nas façanhas e  crueldades praticadas contra os brasileiros prisioneiros de guerra; na sua mágoa  contra os que queria usurpar, sem razão, as terra, da margem direita do Apa e mil cousas que prometiam o ouvinte,



Dona Senhorinha Maria Conceição Barbosa de Lopes com seus três filhos  Figura  03
  Izabel Porcina Lopes
  Pedro José Lopes;
  Bernardino Francisco Lopes;
Imagem cedida por Samuel  Medeiros

2 comentários:

  1. "A paz queremos com fervor" / "A guerra só nos causa dor." (Versos da Canção do Exército) É triste, mas é bom saber que repousamos sobre as conquistas e o sangue de muitos. Não devemos nos esquecer de nossos heróis.

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  2. o gente bao? como ela atuou na guerra?

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