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sexta-feira, 9 de março de 2012

CAPÍTULO 24 - FAZENDA JARDIM À CIDADE DE GUIA LOPES DA LAGUNA


CAPÍTULO  VINTE E QUATRO

FAZENDA JARDIM À CIDADE DE GUIA LOPES DA LAGUNA


1. Nasce a primeira  Ponte “A Ponte “Velha” faz história, une povos, cria cidades

Antes de se criar uma cidade, um distrito e município, o processo inicia-se com o povoamento, ou seja, grupos de pessoas que se reúnem em determinado local, colonos, comerciantes, trabalhadores, militares, religiosos e estabelecem residências, relações sociais, trabalhos, explorando a terra, criando animais, plantando árvores frutíferas e ornamentais, culturas de cereais, comércio.  Deste aglutinamento nasce um núcleo dos habitantes, dando origem a um povoado.


Encontro das águas dos rios Miranda e Santo Antonio. Margem Direita rio Santo Antonio e  no Município de Guia Lopes da Laguna; e margem esquerda Rio Miranda, Marco natural de limite entre os dos município,  Município de Jardim e GLL Figura  01.  Nota-se que as águas do Santo Antonio são mais barrentas. Foto 2006















Também conhecido por patrimônio, lugarejo, vilarejo, corruptela, arraial, muito comum até a década de 1950. Caracteriza um pequeno lugar habitado, com quase nenhuma autonomia política, jurídica, subordinada a sede do  Município. Carente de infraestruturas. É um aglomerado de  poucas casas e pessoas.


Fotografia[1] abaixo, escritório do  Acampamento da 1ª Companhia do 3º Sapadores, ano de 1937, situado ao lado direito, após o Posto Ipiranga Mariely, sentido Guia Lopes da Laguna estrada da Ponte Velha  à cidade de Jardim. Fig. 02 – arquivo do autor

Padre Paulo e José Lopes, filho do Guia Lopes Em frente do escritório do Comandante da companhia.
Acampamento -  Da 1ª Companhia do 3º Sapadores Figura 02 Arquivo do autor.









Por ocasião  da construção  e manutenção da rodovia ligando  Aquidauana a Porto Murtinho e a Bela Vista, a cargo da CER-3, do Ministério da Guerra, acampou-se à margem direita do rio Miranda, em terras da Fazenda Jardim, em princípios de 1937, a 1ª Companhia do 3º Batalhão de Sapadores, sob o comando do então Capitão Teodorico de Farias.

Construção da base de apoio e os tubos sobre o arco de sustentação Rio Miranda, próximo a confluência com o Santo Antonio.


Uma das consequências semidireta para a origem das duas cidades, Guia Lopes e Jardim, foi a presença de civis e militares que compunham o batalhão de Sapadores

Diríamos assim que a ponte foi um elemento material para dar vida e origem as duas comunidades.



Imagem atual  oferece a visão entre as duas pontes que interligam Guia Lopes da Laguna com a Cidade de Jardim.Margem Direita o Centro Histórico de Guia Lopes.

As margens  do trecho da estrada que vai do posto Mariely até a ponte ficavam os acampamentos e os materiais de construção.  Figura 03, arquivo do autor – Google.2007


Rodovia Federal sob a ponte do rio Miranda chegou a ser interditada por algumas horas por motivo se segurança. Cheia de 2005, Figura 04. Arquivo do autor



Segundo depoimento de José Bião Neto, publicado na Revista Executivo Plus1, 1986,  “Como militar chegou em Aquidauana, para servir no 4º Batalhão de Sapadores.  Sapadores era uma unidade militar,  encarregada de tudo aquilo relacionado com movimento de terra, por exemplo, trincheiras, poços de água, pontes, etc.   Isso foi em 1935, mais dois anos depois, Bião Neto foi  transferido para a  1ª Companhia do Batalhão de Sapadores, sediada no então chamado Acampamento do Rio Miranda (hoje Guia Lopes).

Imagem da passarela para atravessar as margens direita e esquerda do Miranda no principio da construção da ponte Figura 5 - .Arquivo do Autor


As ilustrações 05 e 06 são de 1937. Durante os longos alôs de pesquisa eu ganhei cópia das fotos, mas não recordo o  Auro, acredito que são de arquivos do Exército pois estava no início da construção da ponte


 O nascimento do Povoado/Patrimônio de Guia Lopes, também tem sua história, ligada ao militares, fazendeiros, comerciantes e trabalhadores no ano de 1937, quando estas terras até a margem do rio Miranda, pertenciam ao Município de Nioaque. 

Fig. 06 – Arquivo do autor.
A construção dos arcos da direita e da esquerda É a montagem das estruturas de sustentação da ponte.
Ponte sobre o Rio Miranda, na foz do Rio Santo Antonio ”ponte velha”.
Imagem original da ponte antes de ter sofrida qualquer modificação estrutural ou na pintura.  Figura 07, Copia Arquivo do autor

Se  observarmos  os estilos arquitetônicos das pontes, principalmente pelo arco que oferece a sustentação,  já é totalmente diferente da outra ponte sobre o rio Miranda.  Em termos históricos a ponte é um monumento histórico das cidades de Jardim e Guia Lopes da Laguna.


No ano de 2005 houve uma grande enchente,  e por causa  da erosão na base que conecta com a margem,  gerou a fratura da base na margem esquerda
O nascimento do Povoado/Patrimônio de Guia Lopes, também tem sua História originado da história da ponte
Enchente no ano de 2005 – comprometeu na margem esquerda do  o aterramento        Figura 08. Arquivo do autor












Figura  09 Arquivo site econet


O estado como ficou a margem esquerda da ponte. Inutilizou o acesso entre Jardim e Guia Lopes por vários meses.
Figura abaixo, 10- , arquivo do autor








A reconstrução da parte danificada da ponte

Figura 11, arquivo do  autor








Figura 12– Arquivo do Autor a ponte reconstruída e pintada de cor azul




Visualização de até onde foi o alagamento na  margem direita do rio que pertence a Guia Lopes da Laguna.  Figura 13 arquivo do Autor. Ano 2005


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2 ANTECEDENTES 



A Fundação do Povoado/Patrimônio de Guia Lopes no Município de Nioaque 1938



2.1 Nasce o primeiro lagunense e a primeira benfeitoria, a igreja. Figura 14



Prossegue ainda o depoimento de José Bião, publicado pela Revista Executivo Plus, “eu servia ao Exército, nessa companhia, quando nasceu uma criança no acampamento.  Foi a primeira, um motivo muito especial, por tanto.  O bebê era filho de José Antônio Bulhões e Sebastiana Farias Bulhões.  Ele era Sargento da 1ª Cia. B.S., e morava aqui no acampamento do Rio Miranda.  Então surgiu a dificuldade para batizar essa criança, porque não tínhamos igreja, padre;  apenas três ranchos de taquara batida, coberto com folhas de bacuri, uma palmeira nativa da região.      O Padre vinha só até o povoado de Nioaque de 30 em 30 dias e isso quando não chovia.   A criança trouxe ao mundo o nome de Nywton Bulhões, e logo o pai do garoto, sargento José Antônio, conseguiu um padrinho, um outro sargento, muito seu amigo, o Peri José da Silva.  Mas faltava ainda uma igreja, uma escola para crianças, enfim, a criação de um povoado.   Entrou na História toda, o  Comandante da Companhia, o Capitão Teodorico de Farias, que deu todo o apoio para a criação do povoado, inclusive arranjou um topógrafo, o Jacó, conhecido como “Nego Jacó


Imagem2 ao lado, José Francisco Lopes, 1925, extraída de um recorde de uma  fotografia da família  Figura 15


2.3 A Decisão da Fundação



Tendo as idéias da Fundação de um Patrimônio, como era chamado naquela época, neste recanto da Pátria Brasileira no sudoeste do então Estado de Mato Grosso, chegadas ao conhecimento do Capitão Teodorico de Farias, comandante da 1ª Companhia de do 4° Batalhão de Sapadores e de  José Francisco Lopes, proprietário  desta terra, foram elas acolhidas e difundidas imediatamente por todas as fazendas e municípios desta região.

Assim, com topógrafo, o capitão foi fazendo contatos com diversas pessoas inclusive os militares acampados reunindo os fazendeiros da região.  Entre eles, estava na época, o único filho vivo do Histórico Guia Lopes, José Francisco Lopes.


Desse acampamento militar, incluindo civis que prestavam serviços, no dia 12 de fevereiro  de 1938 foi fundado o Patrimônio de Guia Lopes.


Á esquerda a primeira igreja de São José e a direita a primeira Escola de Guia Lopes, denominada Visconde de Taunay inauguradas no dia 19 de março de 1938 – Figura 16  arquivo do autor, original LFB





Preparação da Igreja já com a construção de uma sala de aula  para servir de escola para a missa do dia 19 de Março de 1938.

2.4 A Data oficial de Fundação 12 de Fevereiro de 1938

Portanto, em Fevereiro de 1938, diante de dois grandes ranchos construídos de taquaras  batidas, erguidas no  local onde hoje se encontra a Praça Central, onde se encontra o prédio  construído para a Biblioteca Municipal, que na presença de diversas autoridades e pessoas gratas, inclusive de Nioaque:  Antonio Oliveira Flores, José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de Farias, Basílio Barbosa, Osvaldo Fernandes Monteiro, Alziro Lopes da Costa, Irineu Vieira de Souza, João Batista de Souza, Fabio Martins Barbosa, Macário Aristimunha, Boaventura Vieira de Souza, sargentos e Praças da 1ª Companhia, entre outros Severino Felix, Odilon de Queiroz,  José Antônio Bulhões, Luiz Fioravante, José Pery.    Diversos convidados dos Municípios de Nioaque, Aquidauana, Bonito e Bela Vista, mais ou menos umas 400  pessoas entre adultos e crianças, de ambos os sexos.
Casa do início da Fundação do Patrimônio  de Guia Lopes  Figura 17 Arquivo do autor.

2.5 . A Escolha do dia 19 de Março de 1938
Fig. 18 – Arquivo do autor, Revista Executivo Plus
Logo, José Antonio Bulhões, Pery José da Silva, Teodorico de Farias, José Francisco Lopes, viram seus sonhos transformados em realidade e logo toda a multidão se locomoveu para um grande galpão de palha construído embaixo de uma faveira, que havia na frente da casa do Senhor Manoel Vicente3, onde foi saboreado o gordo churrasco de uma vaca, ficando ali combinado  o dia oficial para a assinatura da Ata de Fundação do Patrimônio de Guia Lopes, escolheu-se a data de 19 de Março, visto ser também o dia de São José, homenagem que seria prestada a José Francisco Lopes (O guia Lopes) e a José Francisco Lopes (filho do Guia Lopes) um dos fundadores, o qual também ficaria sendo o  Santo Padroeiro do Povoado, hoje padroeiro da Paróquia de São José.  


Imagem 20

Fotografia ao lado, a direita tem-se a presença do Padre Paulo Butler e a esquerda, de chapéu, José Francisco Lopes, no centro o Professor Nelsinho no ano de 1940.
            Assim, no dia 19 de março de 1938, segundo Acyr Vaz Guimarães4  “o casal doador das terras e os militares que serviam no contingente da primeira companhia do quarto batalhão de  sapadores, de Aquidauana, que davam assistência à estrada de rodagem daquela cidade à Bela Vista, foi lavrada uma ata de fundação, ao tempo que se fazia entrega da escritura de doação das terras para a cidade.   Chegando esse dia, pela manhã, o corneteiro da  1ª Companhia do 4º Batalhão de Sapadores, toca a alvorada para acordar o pequeno acampamento e os moradores do 


3 Padrinho de José Bião.
4 História dos Municípios de Mato Grosso do Sul Guia Lopes da Laguna, 1992.


povoado (já sendo levantado) em pequeno numero.  Sobem rojões ao ar, espocando para que os moradores mais distantes lembrem-se estar chegando à hora de caminharem para o local da nova cidade”.
Na fotografia 19 ao lado, temos no fundo a  A primeira  de secos e molhados. Casa Comercial  Monteiro que pertenceu ao Senhor Osvaldo Fernandes Monteiro. que se localizava  no local próximo onde hoje se encontra o Banco do Brasil.
   
Segundo publicação, Revista Executivo Plus, 1986, baseado nos depoimentos de José Bião Neto, “José Francisco Lopes, então doou as terras, uns 30 hectares5. Outros fazendeiros doaram vacas, ajudaram a arrecadar dinheiro para fazer a igreja, e assim por diante.   No dia 12 de fevereiro de 1938, foi fundado o Patrimônio de Guia Lopes.  No dia 19 de março deste mesmo ano, foi aprovada pelos fundadores, pelo Capitão Teodorico de Farias e todos os moradores locais e da redondeza, a Ata de Fundação  de Guia Lopes...  Escolhemos também o Padroeiro da cidade, que é São José, em homenagem aos nomes dos três fundadores e a um herói que também se chamava  José, quer dizer,  José Francisco Lopes (o herói da Retirada da Laguna, o Guia Lopes), José Francisco Lopes, filho do Guia Lopes e doador das terras e José Antonio de Bulhões.   Tem mais fundador, é claro, mas os legítimos mesmo, são José Antonio Bulhões, Peri José da Silva  e José Francisco Lopes”. 
Destacamos ainda em memória dos fundadores, o Senhor Jaime Artigas,  Basílio Barbosa, Aurélio Rodrigues de Souza, Ozias de Souza Santos, Osvaldo Fernandes Monteiro, sendo que  estes dois últimos estabeleceram-se  com as duas primeiras casas de comércio no Patrimônio de Guia Lopes. 


5 Segundo documento de escritura de doação incluso, foram 20 hectares a doação de José Francisco Lopes.

Na fotografia 19 ao lado, temos no fundo a  A primeira  de secos e molhados. Casa Comercial  Monteiro que pertenceu ao Senhor Osvaldo Fernandes Monteiro. que se localizava  no local próximo onde hoje se encontra o Banco do Brasil.


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Segundo o Historiador Acyr Vaz7,  “aos poucos, carretas, cavaleiros, gente a pé, passa a chegar ao pátio onde se erguem a igreja e a escola, ambas com uma comprida  faixa de bandeirolas multicoloridas flamejando ao vento.   Agrupando o povo, uma comissão segue à casa de José Francisco Lopes, e o conduz cercado de carinho, a presença das autoridades civis, militares e eclesiásticas de Nioaque, a cujo município pertencia às terras da nova cidade,   É cumprimentado efusivamente.  Seguem todos para o ranchão rústico onde o altar simboliza a presença do Senhor que irá abençoar o novo povoado.

O Padre Paulo Butler, redentorista de Aquidauana, conduz a missa sob emoção de todos e ao fazer a pregação comove aos fiéis lembrando o passado histórico dos pais de José Francisco Lopes e das  terras que ora pisavam.   

Terminada a missa e os batizados procederam-se às assinaturas da ata de fundação, assinando em primeiros lugares – José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de Farias, Sargento José Antonio Bulhões, Peri José da Silva e o Prefeito de Nioaque, Senhor Antônio de Oliveira Flores, seguindo-se dos demais presentes”.

Para que o Patrimônio de Guia Lopes pudesse ser conhecido e reconhecido oficialmente pelas Autoridades do Estado de Mato Grosso, cuja Capital era Cuiabá, e ao Chefe da Nação Brasileira, cuja Capital era na então cidade do Rio de Janeiro, conforme descreve Acyr Vaz, José Francisco Lopes enviou dois telegramas comunicando que em 12 de Fevereiro fora fundado o Patrimônio de Guia Lopes.


7 História dos Municípios de Mato Grosso do Sul, 1982, p. 130.

No verso da fotografia continha os seguintes dizeres: “Em 12 de fevereiro de 1938 Photografia da 1ª reunião para a fundação do Patrimônio Guia Lopes”

Oferta de Fábio Martins – Figura 21 copia imagem do autor, original pertenceu a família Fabio Barbosa Martim, conforme o verso da foto.




2.7 Os Documentos do memorial, a fotografia e a ata

                   Colocamos a disposição dos leitores lagunenses além do telegrama, a fotografia do histórico momento de 12 de fevereiro de 1938[1] sobre a decisão da fundação do Patrimônio “Guia Lopes”.  Este local, fica próximo ao Estádio de Futebol, que outrora era sede da fazenda de José Francisco Lopes (último filho do Guia Lopes) e que atualmente (2003) pertence ao Senhor Duarte do Mercado Pantanal.

 Exmo. Sr. Dr. Getúlio Vargas,


DD. Presidente da República, Palácio do Catete, Rio.

Qualidade ultimo filho sobrevivente velho sertanejo Guia Lopes, grata satisfação comunicar vossência, doze fevereiro, histórica Fazenda Jardim, minha propriedade, realizou-se grande reunião, fazendeiros, pessoas gradas, exmas. Famílias, municípios Bela Vista, Bonito e Nioaque, fim fundação Patrimônio Guia Lopes homenagem memória  saudoso pai, tombou mesmo local, defesa integridade Pátria.  Gesto nobre,  patriótico, sob auspícios briosa oficialidade,dignos sargentos 1º Cia. 4.ª B.S. há muito acantonado estas  paragens, obteve grandes aplausos população por vir plantar rica vastíssima zona, exemplo verdadeiro civismo e sentimento patriotismo gerações vindouras.   Reunião foi presidida digno comandante companhia, qual expôs fim mesma, dissertando feitos heróicos componentes Retirada da Laguna, quais tombaram vitimadas cólera, justamente solo onde se fundou Patrimônio. Dr. Sinézio  Chavasco, fazendeiro  palavra, congratulou-se ato patriotismo, relembrou feitos gloriosos Exército Nacional, dissertando  atual regime sob benéfica orientação vossências.  Foi dado conhecimento Dr. Interventor Federal, remetendo Ata dia 12 de fevereiro.  Pedindo Vênia vossência solicito nome povo patrimônio apelando sentimento patriotismo eminente chefe, possível fundação pequena escola federal, prática agricultura e pecuária, ramo nosso grandioso Estado, qual trará imenso resultado benéfico região onde tudo é feito sistema rotineiro.   Sede Patrimônio, localizada belíssima campanha, sob ponte rio Miranda, margem rodovia construída glorioso 4.º B.S. pouca distância campo Santo onde repousam restos mortais heróis Retirada da Laguna a poucos passos tapera onde viveu inesquecível Guia Lopes.  Certo Vossências atendendo apelo prestando  essa homenagem, velho sertanejo, imenso prazer dizer-vos que com 76 anos último filho sobrevivente Guia Lopes, morrerá satisfeito benefício mocidade vindoura, abençoado nome nosso Interventor Federal e Ilustre Presidente.          

Respeitosas Saudações
José Francisco Lopes”

Segundo Bião, de acordo com a Revista Executivo Plus,  “colocamos o nome da escola como Visconde de Taunay, o primeiro tenente correspondente oficial de guerra que escreveu o livro Retirada da Laguna.  Juntando escola e igreja, formamos assim a maior atração  para o povoamento de Guia Lopes.  Quem queria casar vinha para cá, e da mesma forma os fazendeiros interessados em dar instrução aos seus filhos.   Assim foi juntando gente, surgiu a primeira loja, a Segunda...

Imagem é um recorde da Primeira Missa Celebrada no dia 19 de Março de 1938, por ocasião da assinatura da Ata Oficial da Fundação do Povoado de “Guia Lopes” e a esquerda a imagem da primeira Escola Pública de Guia Lopes.
A outra imagem  é uma fotografia, do mesmo local e data, da primeira missa e igreja de São José, porém, sob ângulo diferente.


[1] Fotografia original pertencente ao Álbum de Família da senhora Leonor

A união e os esforços dos primeiros habitantes do Patrimônio imprimiram um ritmo especial pelo progresso daquele núcleo, que no primeiro ano de origem, contava já com  quatro casas de comércio e uma escola pública.


2.8 Escritura de doação de terra para a fundação do Patrimônio de Guia Lopes


2.8.1 Doações de José Francisco Lopes e dona Maria Rufino Lopes

De acordo com os Registros do Cartório da Cidade de Nioaque, transcrição abaixo, encontra-se a Escritura Publica de doação de 20 hectares da área da Fazenda Jardim, por José Francisco Lopes (filho do Guia Lopes) para servir de área urbana para o povoado de Guia Lopes.

            Nesta ocasião, a área foi doada à Prefeitura Municipal de Nioaque, que nesta ocasião, tinha a jurisdição  até os limites com o Rio Miranda.


CERTIDÃO

            “CERTIFICO, que a pedido de parte interessada revendo nos arquivos de meu cartório no livro nº 03, as fls 44/45, no ano de 1938 a 1940, consta o seguinte documento:

            Escritura Publica de doação que fazem José Francisco Lopes e sua mulher Dona Maria Rufino Lopes,  como doadores e a Prefeitura Municipal de Nioaque, como donatária, na forma abaixo: 

Saibam quanto esta escritura publica de compra e venda digo de doação virem que no ano de mil novecentos e trinta e nove, aos cinco dias do mês de Julho do dito ano, nesta cidade de Nioaque, ,termo de igual nome, Comarca de Aquidauana, Estado de Mato Grosso, em meu Cartório compareceram, perante mim tabelião, partes entre si justas e contratadas a receber: de um alado como outorgantes doadores José Francisco Lopes e sua mulher Dona Maria Rufino Lopes, brasileiros, maiores, proprietários, residentes neste município, estando a doadora Maria Rufino Lopes, representada neste ato, por seu marido e procurador o outorgante doador José Francisco Lopes; e como outorgada donatária a “Prefeitura Municipal de Nioaque”, representada legalmente por seu Prefeito Municipal, o Cidadão Antonio de Oliveira Flores, todos meus conhecidos pelos próprios  de que trato e dou fé, e as duas testemunhas adiante nomeadas e assinadas, perante as quais pelo  outorgante doador me foi dito, que sendo legítimos possuidores de uma parte de terras situadas na “Fazenda Jardim”, deste Município, no lugar denominado “Guia Lopes”, medindo a área de 20 hectares, limitando-se:  ao poente, com a linha divisória com as terras de Fábio Martins Barbosa; ao sul com o rio Santo Antonio; ao nascente pelo Grotão e ao poente, digo norte com terras dos doadores; terreno este que se acha livre e desembaraçado de quaisquer ônus ou hipotecas, inclusive legais e que adquiriram por herança e que se acha registrada sob n.º de ordem 360, do livro n.º 3 desta ex-Comarca, pela presente escritura, de suas livres e espontâneas vontades doam, como efetivamente doado tem, o terreno acima descrito, à outorgada donatária Prefeitura Municipal de Nioaque, para o fim especial de ser utilizada pela servidão publica e sob a fiscalização da donatária.  Pela  outorgada, por seu representante legal, me foi dito que aceitava esta escritura de doação, em todos os seus termos, por estar de inteiro acordo com o ajustado e contratado entre si e os doadores.  A pedido das partes lavrei esta escritura a qual lhe sendo  lida e perante as mesmas testemunhas, aceitaram  outorgada e assinam, com as testemunhas cidadãos Carlos Dobes e Synesio Chavasco, maiores, capazes, residentes nesta cidade, conhecidas de mim tabelião pelas próprias de que trato e dou fé, que a escrevi e assino em público e raso. 

 Em Testº (estava o sinal publico da verdade).

            Dado e passado aos dez dias do mês de Dezembro de mil novecentos e setenta e nove, nesta cidade e distrito de Nioaque, Comarca de Aquidauana, Estado de Mato Grosso do Sul, que por ora me reporto e dou fé.  Eu Rui Alves de Lima, Tabelião que mandei datilografar subscrevi e assino.

(Extraído da transcrição original, fornecida pelo Cartório de Nioaque).

2.8.2  Doações de Fábio Martins Barbosa e dona Deolinda Barbosa Martins

Nesta Certidão, também registrada e fornecida pelo Cartório de Registros da Cidade de Nioaque, consta  à doação de uma parte da Fazenda do Senhor Fábio Martins Barbosa para complementar a área do povoado de Guia Lopes.


CERTIDÃO

            CERTIFICO, que a  pedido de parte interessada que revendo nos arquivos de meu cartório no livro n.º 3, as folhas 51/52, ano de 1938 a 1940 consta o seguinte documento:

Escritura Publica de doação que fazem e assinam Fábio Martins Barbosa e sua mulher com a Prefeitura Municipal de Nioaque, como abaixo se declara:

Saibam quanto esta escritura pública de doação entre vivos, virem que,  ano de mil novecentos e trinta e nove, aos trinta dias do mês de Agosto do dito ano, na Fazenda do Senhor Fábio Martins Barbosa, onde eu tabelião ai me achava, sito neste município de Bela Vista, neste Estado de mato Grosso, perante partes entre si e justas contratadas a saber de um lado, como outorgantes doadores o cidadão Fábio Martins Barbosa e sua  mulher Deolinda Barbosa Martins, residentes no Município de Bela Vista, casados, fazendeiros, e como outorgada donatária Prefeitura Municipal, o cidadão Antônio de Oliveira Flores, todos  meus conhecidos, pela própria de que trato e dou fé, e as duas testemunhas adiante nomeadas e assinadas, perante as quais pelos outorgantes doadores me foi dito que sendo legítimos possuidores de uma parte de terras pastais e lavradias, situada na fazenda Jardim, no Município de Bela Vista, digo no Município de Nioaque, neste estado, no lugar denominado Guia Lopes, compreendida dentro dos seguintes limites:  ao Norte, pelo lado esquerdo do aterro e corte da estrada e automóvel que vai de Aquidauana à Bela Vista, desde a ponte sobre o rio Miranda até o aramado que divide as terras dos doadores, com as terras doadas a Prefeitura Municipal de Nioaque, pelo Sr. José Francisco Lopes e sua mulher; ao nascente pelo dito aramado, em rumo ao sul, até alcançar o rio “Santo Antônio”, limitando-se em toda esta linha com a referida terra doada a outorgada Prefeitura Municipal de Nioaque, ao sul, pelo rio “Santo Antonio” abaixo da barra da cerca de arame até a sua foz no rio Miranda; e abaixo até a ponte da referida  estrada de automóvel de Aquidauana à Bela Vista, fechando desta forma o perímetro de terras doadas por força desta escritura.   Doação esta os outorgantes fazem a Prefeitura Municipal de Nioaque, para o fim de aumentar o terreno destinado ao povoado denominado Guia Lopes, para o fim especial de ser utilizada pela servidão pública sendo a bem e ao rumo digo progresso do referido povoado e sob a fiscalização da donatária.  Pela outorgada representada pelo seu Prefeito Municipal cidadão Antonio de Oliveira Flores, me foi dito, em presença das mesmas testemunhas que aceitavam esta escritura de doação, em todos os seus termos, por estar de inteiro acordo com o ajustado e contratado entre si e os doadores.   E a pedido das partes, lavrei esta escritura de doação, a qual lhes sendo lida, perante as mesmas testemunhas que são os cidadão Braz Réa e Roldão Ferreira de Lima, brasileiros, maiores, casados, comerciantes, residentes no Município de Nioaque e meus conhecidos do que trato e dou fé.  Eu Sebastião David Medeiros, tabelião que a escrevi e assino em publico e raso.

  Em Testº (estava o sinal publico da verdade)

Dado e passado aos dez dias do mês de dezembro de mil novecentos e setenta e nove, nesta cidade e de Nioaque, Comarca de Aquidauana, esta de Mato Grosso do Sul, que por ora me reporto e dou fé.  Eu Rui Alves de Lima, tabelião que mandei datilografar, subscrevi e assino.

(Extraído da transcrição original  fornecida pelo Cartório de Registro da cidade de Nioaque)

2.8.3 Ata de Transferência do Patrimônio de Guia Lopes à Administração Municipal da Prefeitura e Autoridades de Nioaque.

Na reunião da fundação oficial do Patrimônio de Guia Lopes, como foi denominado em 19 de março de 1938, naquela ocasião ficou resolvido que o aludido Patrimônio seria transferido às autoridades civis de Nioaque, para o que foram as mesmas convidadas, dando-se esta transferência, em solenidade realizada a 5 de junho do mesmo ano, do  cujo ato, lavrou-se a seguinte ata:

“Ata de reunião para a transferência do Patrimônio Guia Lopes, as Autoridades civis do  município de Nioaque - 

            Aos cinco dias do mês de junho de mil novecentos e trinta e oito, em salão do prédio da  Escola Pública deste Patrimônio, aí presente os senhores José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de Farias, D. Comandante da  Primeira Cia. Do Quarto B. S. aqui acantonado, Tenente Afonso de Menezes Dippe. Sargento João do Prado e Silva, Luiz Fioravante, Odilon de Queiroz e José Antônio de Bulhões todos da  mesma Cia., as autoridades civis de Nioaque, Senhor Antônio de Oliveira Flores  DD. Prefeito Municipal, Alziro Lopes Costa – Juiz em Exercício, tenente  Gumercindo  Cavalheiro, Delegado de Policia, João Siqueira, Promotor de Justiça, Policiano Costa Lima. Coletor das Rendas do Estado,  Helvécio Brandão, Delegado Militar, Sebastião David de Medeiros, primeiro tabelião e os cidadão João Siqueira, Hercílio Vieira de Moura, Osvaldo Fernandes Monteiro, Basílio Barbosa, Macário Aristimunha,Vicente Urbano Leite, Dinarte Pinheiro,Irineu Vieira de Souza, Alfredo de Ávila da Silva, Florêncio da Costa Lima  Cristóvão Felix de Almeida, Paulo Leme Nogueira, Justino Lopes, Argemiro Ávila da Silva e Sinézio Chavasco e muitas pessoas gradas de Nioaque e do Patrimônio, as quais em grande reunião solenizavam este grande feito de Patrimônio, digo de patriotismo e gesto de civismo pelo senhor tenente Afonso   de Menezes Dippe, foi dada a palavra ao senhor Sinézio Chavasco, para que este expusesse os fins da presente reunião.  Em rápidas palavras, o orador indicado esclarecendo os fins da reunião, dissertou sobre  a obra de patriotismo dos dignos militares, plantando mais um marco de esperança, sobre o qual desfralda o nosso glorioso pendão nacional, que servirá de estímulo às gerações vindouras; o orador dando conta dos trabalhos feitos para a fundação deste grande melhoramento, ao qual foi dado o nome do Imortal Guia Lopes, passava neste momento a direção do Patrimônio ao digno Prefeito Municipal de Nioaque.   Fazendo esta entrega, os fundadores do Patrimônio  confiantes na integridade do Digníssimo Prefeito, estão  certos de que SS. Com verdadeiro espírito de brasilidade tudo pensa em fazer pelo engrandecimento deste Povoado e por este povo.Em seguida, o Senhor Antônio de Oliveira Flores, DD. Prefeito Municipal, em breves palavras agradeceu aos dignos militares a obra patriótica, dizendo que, “com a máxima satisfação recebia a honrosa incumbência  que ora lhe era feita, garantindo em seu nome e do povo nioaquense que  na sua gestão, tudo faria para a continuidade do progresso deste  novo povoado, o qual ele repuditava, digo reputava, digno não só pelo seu todo, porém mais ainda, por prestar uma justa homenagem ao imortal sertanejo e guia da Retirada da Laguna”.   Ato continua, o senhor Capitão Teodorico de Farias, em rápidas palavras disse que, em seu nome e dos militares que concorreram para a fundação deste Patrimônio embora tenha passado a direção do mesmo para as dignas autoridades  civis de Nioaque, continuaria sempre a disposição das mesmas para o engrandecimento desta obra e pelo progresso de Mato Grosso.  Logo a seguir o Senhor Prefeito Municipal assumindo a direção do Patrimônio,  resolveu as necessidades mais urgentes dentre as quais a de designar uma comissão para responderem pela direção do mesmo.   Dentre os elementos destacados do Patrimônio, foram designados os senhores Osvaldo Fernandes Monteiro comerciante, Macário Aristimunha e Basílio Barbosa – fazendeiros, todos residentes no mesmo, escolha essa que foi recebida com aplausos de satisfação de todos os presentes.  Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a presente reunião com vivas ao Exmo. Sr.  Presidente da República Dr. Getulio Vargas.Exmo. Interventor Federal, Dr.  Julio Muller, ao Glorioso Exército Nacional, ao velho José Francisco Lopes e a todas as autoridades presentes.  Patrimônio de Guia Lopes da Laguna, cinco de junho de  mil novecentos e trinta e oito.”

Assinaturas:

José Francisco Lopes;  (filho do Guia Lopes)

Capitão Teodorico de Farias,
Segundo tenente Afonso de Menezes Dippe,
Antonio de Oliveira  Flores – Prefeito Municipal
Alziro Lopes da Costa – 1º Juiz de Paz
Tenente Gumercindo Cavalheiro – Delegado de Polícia
Sargento Luiz Fioravante,
Sargento Odilon de Queiróz,
Sargento José Antonio Bulhões,
Helvécio Brandão – Delegado Militar,
Policiano da Costa Lima – Coletor,
Sebastião David de Medeiros – 1º Tabelião,
João Siqueira – Promotor de Justiça,
Hercílio Vieira de Moura – Escrivão da Coletoria,
Osvaldo Fernandes Monteiro,
Basílio Barbosa,
Macário Aristimunha,
Vicente Urbano Leite,
Dinarte Pinheiro,
Irineu  Vieira de Souza,
Alfredo de Ávila da Silva,
Florêncio da Costa Lima,
Cristóvão Felix de Almeida,
Paulo Lemes Nogueira,
Justino Lopes,
Argemiro Ávila da Silva,
Sinésio Chavasco”.


















Estação Ferroviaria Guia Lopes, decada de 1930.
O Trem de Luxo deminado de Guia Lopes.

Cidade de São Roque de Minas - até 1968 era Denominada de  Guia Lopes



São José - Festa Religiosam19 de março


5 comentários:

  1. Olá!
    Meu nome é Letícia Bulhões Padilha, sou neta do Newton Bulhões citado neste post, logo, sou bisneta do José Antônio de Bulhões e da Sebastiana Faria de Bulhões.
    Achei muito legal ter um blog que relembra um pouco do começo da nossa história, nossa família, tão arraigada nesta cidade. Somente uma correção: meu avô se chama Nywton Bulhões, com "yw" no nome, conforme registro de nascimento em 26 de agosto de 1937 em Nioaque. Mas tranquilo, eu erro a escrita do nome dele volta e meia até hoje... hehehehe...
    Abraços!

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  2. Parabéns Professor Vicente pelo belíssimo trabalho, que narra sobre a criação do Patrimônio de Guia Lopes. Gde abraço.

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  3. Ola, meu nome é Vanusa, sou acadêmica do 4º ano de Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do sul, e estou fazendo o trabalho de conclusão de curso, consistindo em uma análise histórica de recorrências de inundações do rio Miranda, e achei seus post muito interessantes, e gostaria de saber sobre a possibilidade de fazer uma entrevista com vossa senhoria. parabéns pelo trabalho...vanusamds1@hotmail.com, se possivel gostaria de poder entrar em contato. desde já, agaradeço

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  4. Parabéns pelo trabalho. Meu nome é José Bulhões Padilha, sou neto de José Antonio de Bulhões um dos fundadores da cidade de Guia Lopes e me senti muito honrado com a participação histórica do meu amado avô.

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  5. Boa noite,
    Vc editou o livro?
    Eu poderia conversar com vc sobre a familia do Huia Lopes na Região de São Roque de Minas? Meu contato 031 998884103

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