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sexta-feira, 13 de junho de 2014

147 ANOS DA PASSAGEM DAS TROPAS PELA ANTIGA ESTRADA FAZENDA JARDIM-NIOAQUE - KM 124

GUERRA DO PARAGUAI
RETIRADA DA LAGUNA
MARCO HISTÓRCO EM GUIA LOPES DA LAGUNA

1º DE JUNHO DE 1867 – 1º DE JUNHO DE 2014

147 ANOS DA PASSAGEM DAS TROPAS RETIRANTES DA LAGUNA PELA ANTIGA ESTRADA FAZENDA JARDIM-NIOAQUE

Marco Histórico da Retirada da Laguna em GUIA LOPES DA LAGUNA





Fotos: José Vicente Dalmolin / 1 de Junho de 2014

NOTA: LEIA TAMBÉM EM PAGINAS ESPECIAIS:

PASSO DO CACHOEIRINHA (município de Jardim – MS.27 maio 1867 - km 116 - RETIRADA DA LAGUNA

FAZENDA JARDIM - MARCO RETIRADA DA LAGUNA - MUNICÍPIO GUIA LOPES DA LAGUNA

PAÇO DA PREFEITURA VELHA  GUIA LOPES DA LAGUNA - MS.

CAMINHO DO JARDIM A GUIA LOPES DA LAGUNA

Material cedido pela Relações Pública - Comunicação Social - 4ª Cia. Eng. Cmb. Mec. - Jardim - MS.

1 LEITURA TEN. GERSON

No dia 26 de Maio de 1867, 130 moribundos de cólera haviam já sido entregues à generosidade da sorte e dos paraguaios, que não lhes pouparam as curtas horas de vida; não tínhamos mais bois de carro, para comer, mais pólvora e mais esperança. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 332)

A marcha desse dia era decisiva. Íamos sair da zona desconhecida, e a todo o transe urgia alcançar a fazenda do Jardim, onde se achariam laranjas para matar a fome, e talvez gado! (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

Aliviados do peso dos doentes, que nessa manhã mesmo, haviam ficado abandonados no pouso do Prata, nossos soldados andavam aguilhoados por pungente desespero. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

O Sol era ardente: os campos abertos e vastos. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

A coluna formava um grande quadrado. Na frente, ao longe, viam-se grupos de cavaleiros vestidos de encarnado, à retaguarda outros mais compactos. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

De vez em quanto escoava um tiro isolado, ou então apertava o tiroteio, a que se unia a voz grave de um dos nossos canhões. Quando não, caminhava-se em silêncio, ouvia-se o vozear dos carreiros a tangerem os poucos e magros bois, que vinham ainda puxando as nossas peças de artilharia. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

O quadrado brasileiro levava, em seu seio, a morte e o desalento. As carretas da artilharia iam atulhadas de moribundos. Num carro manchego, o Coronel Camisão estava deitado a fio comprido, com o chapéu sobre os olhos, ao lado do Tenente Sílvio, que, nas vascas da agonia, rolava por cima do corpo de seu chefe e sobre ele vomitava; noutras carretas Juvêncio, Vicente, Miró, oficiais e praças, mortos ou a morrer, sacudidos por dolorosos solavancos. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)

De vez em quando caiam por terra soldados até então válidos, e a custo agarravam-se a alguma carreta ou resignadamente ali ficavam à espera dos paraguaios e dos urubus. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

Na frente dessa força, verdadeiramente fantástica, mais cadáveres ambulantes, do que homens, caminhavam. A cavalo, destacando dela e curvado sobre o selim, um velho. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

Era o Guia, José Francisco Lopes, que puxava atrás de si toda aquela gente por sertões que só deus e ele conheciam. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

Na véspera morrera-lhe o filho mais velho; agora vinha ele, abatido, com os olhos encovados, reconhecendo em mil sinais familiares, para a cansada mente, a aproximação da sua casa do Jardim. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

Faltava pouco para que sua missão fosse cumprida; uma légua, se tanto, e o desconhecido do deserto desapareceria para sempre, e a frente pisaria em estrada trilhada e segura. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

A marcha era lúgubre, tanto mais horrível, quanto a beleza das perspectivas. A louçaria da natureza fazia contraste com tamanhas desgraças. Tudo sorria ao redor de nós. Entre nós só as cores de nossas bandeiras respondiam a esse bafejo de alegria. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)

Cheguei-me para perto de Lopes. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

- Doutor, disse-me, olhe para ali. Meu gado manso vinha pastar naquele barreiro. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

- Olhe para este campo de um verde carregado; é o meu retiro, não chegarei lá”. (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182)

- Daqui a pouco, vocês estarão vendo o cercado e dentro em breve estarão em Nioac. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334 e TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182)

O velho tentou sorrir e disse. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

- Quanto a mim sinto que minha vez está chegando. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

Mal pronunciara estas palavras, os estribos lhe faltaram e com surdo gemido caio do cavalo abaixo. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335) 

Estava com o cólera. Era um companheiro a mais, para os infelizes que se contorciam de câimbras em cima das duras tabocas dos cofres da artilharia. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

E, encolhendo-se todo, cobriu a cabeça com um trapo de manta. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335) 

Pouco, muito pouco faltava para que se chegasse à estrada, entretanto ninguém sabia mais como dirigir a coluna. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

Gabriel Francisco, genro de Lopes, que estivera já nesses campos, esquecera-se das localidades. Suas indicações eram duvidosas; às vezes mostrava as reminiscências. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)

Numa ocasião tentou atravessar uma mata e fez parar a coluna. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 336)

O velho Lopes levantou a cabeça. Seus olhos empanados cobraram brilho, e ele fez sinal com a mão para que viessem ouvi-lo. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 336)

- Rodeiem o cerrado, ordenou, porque é muito sujo. Por trás, fica logo à direita, o Retiro.

Cumpriu-se a ordem e, em uma das mais esplendidas tardes, que jamais vi, chegamos de fronte a colina junto da qual está o retiro, antigo lugar onde se reunia o gado da estância, que Lopes mostrara-nos de longe, pouco antes. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 336 e A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182 e 183)

O sol declinava; grandes raios alaranjados saiam-lhe do disco no fundo do horizonte e realçavam o mais admirável panorama, tão esplendido que ainda hoje o representa a memória. Essas belezas eternas da natureza tornavam ainda mais pungente para nós o sentimento de nossa ruina próxima, e absorvia-nos esta contemplação, quando um esquadrão paraguaio apresentou-se a galope com evidente intenção de cortar-nos, em algum ponto, a nossa linha desigual e interrompida: mas, tendo toda a força feito alto, como por si mesma, vimo-nos preservados desse ataque . (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182 e 183)

Acampamos nesse mesmo lugar, tendo feito quatro léguas de marcha forçada, privados como estávamos de alimentação e de sono; a necessidade coagia-nos, penetramos no fechado do retiro. (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 183)

O Coronel Camisão, o Tenente-coronel Juvêncio e o nosso guia Lopes foram acomodados em um rancho arruinado, perto do qual se acenderam grandes fogueiras para ver se lhes restituíamos o calor. Alguns limões e laranjas que lhes trouxeram, acalmaram-lhes um tanto a sede (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 183)

Na manhã do dia 27, os inimigos aproximaram-se ainda de nós, parecendo querer atacar-nos na passagem do regato a que o retiro dá o nome de Cachoeirinha; mas contiveram-se diante da atitude do 17° Batalhão de Voluntários que formava a nossa retaguarda, e a marcha recomeçou como na véspera. O coronel Camisão, já sem voz, era levado encima de um armão de peça, Lopes encima de outro, o tenente-coronel Juvêncio em uma rede, bem como muitos outros oficiais e inferiores. Tinham morrido três deles no pouso do retiro (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 183 e 184) 

2-  SINOPSE HISTÓRICA ESTRADA DO JARDIM

ROTEIRO PARA CERIMÔNIA DE INAUGURAÇÃO DO MARCO DA ESTRADA DO JARDIM 

1. CUMPRIMENTO AO PÚBLICO 

Senhoras e Senhores. Bom Dia!

2. ANUNCIOU DAS AUTORIDADES

Encontram-se presentes nesta cerimônia as seguintes autoridades:

3. FINALIDADE

Esta solenidade tem por finalidade, realizar a inauguração do nono marco histórico implantado, para demarcar o itinerário percorrido, em 1867, pela Força Expedicionária de Mato Grosso, durante a Retirada da Laguna.

Este ato faz parte de um projeto cultural da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, iniciado em 2012, que tem os seguintes objetivos:

- Homenagear todos aqueles que derramaram seu sangue em defesa de suas pátrias, durante a Guerra da Tríplice Aliança.

- Divulgar a Retirada da Laguna, fomentando o interesse por este importante episódio histórico, contribuindo para o estudo da história, no Brasil;

- Proporcionar uma adequada e fácil identificação dos locais, de grande relevância histórica, ligados a essa epopeia; e

- Criar novas atrações turísticas e culturais na região.

Sua concepção está sendo balizada por uma meticulosa pesquisa histórica e geográfica, com base em documentos e publicações da época. E sucedida por uma minuciosa busca por artefatos metálicos, extraviados por tropas brasileiras e/ou paraguaias, durante a retirada, para a comprovação do provável itinerário percorrido por elas.

Para que, futuramente, não se percam as referencias, este projeto pretende implantar 117 marcos padronizados de concreto, a cada 2 Km, em média.

Hoje, nos encontramos reunidos, para inaugurar o marco que balizará a antiga estrada do Jardim, aberta para ligar a Fazenda do Jardim a Vila de Nioaque.

4. LEITURA DA SINOPSE HISTÓRICA DA ESTRADA DO JARDIM.

Para fazermos uma viagem no tempo e compreendermos o ambiente e o cotidiano do sertanejo e do viajante do então Mato Grosso de 1867, convidamos todos a usar sua imaginação durante a leitura de algumas citações encontradas nas obras do Visconde de Taunay, que descrevem com precisão a realidade da época.

Segundo ele, ali começa o sertão bruto, sem moradores. Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante, contra o frio das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte a vegetação virgem, tão virgem quanto ali surgiu pela vez primeira (Taunay, Céus e Terras do Brasil, 1929, Pag 14).

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de árvores raquíticas, enfezadas e retorcidas de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosos e elevados madeiros. Ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridante e mimosa grama, toda salpicada de flores silvestres. (Taunay, Céus e Terras do Brasil, 1929, Pag 15).

Com esses relatos, podemos imaginar os dois tipos de vegetação predominante nessa área.

O cerradão, naturalmente formado por árvores de grande porte, que ocupava as elevações e as encosta, onde o solo é bem drenado, e que com certeza consistiam obstáculos consideráveis para as carretas de boi e para o alcance das vista, o que dificultava a orientação terrestre.

E o campo limpo, que existe até os dias de hoje, nas baixadas dos talvegues, riachos e rios. Nestas baixadas podem ser encontrados áreas de várzeas, que passam boa parte do ano encharcada, o que impede o crescimento de árvores, em vez destas nascem alguns tipos de gramináceas já adaptadas, que recebiam o apelido de macega.


Esses campos limpos, que eram facilmente transpostos por carretas de tração animal, favoreciam muito a interiorização humana e a criação de gado. Tratava-se de verdadeiras veredas naturais.

As estradas, em 1867, eram abertas com a passagem de homens, animais e carretas, nestas veredas, exatamente nos limites dos dois tipos de vegetação predominante, conforme descrito por Taunay em seu livro cenas de viagem.

Atravessámos uma campina, coberta por gramíneas muito rasteiras, na qual gastamos mais de uma hora, pela natureza do chão fofo, em que se atolavam os animais. Observamos que, naquelas pradarias pérfidas, não se nota o rasto de nenhum animal, e que, por instinto, procuram sempre desviar-se delas, percorrendo uma fita mais sólida, intermédia entre os campos e os cerrados. Fonte: TAUNAY, Cenas de Viagem 1868, Pag 41. 

A estrada do Jardim que saía da Fazenda de mesmo nome, percorria paralela e a montante dos rios Miranda e Desbarrancado, atual Santo Antônio, no sentido leste, infletindo para norte, no riacho da Cava. Alcançava a nascente do Cava, seguindo por seu contra vertente, até encontrar e atravessar o rio Canindé, que desagua no Nioac, uma légua ante da Vila de mesmo nome.

Este marco deveria ser implantado na baixada próximo a Ponte velha do Rio Miranda, pois lá é a região mais provável por onde cruzava a estrada do Jardim.

Porém para dar maior visibilidade e importância a este projeto, este marco foi relocado para o centro da cidade de Guia Lopes, no intuito de haver uma maior divulgação sobre o assunto.

5. INAUGURAÇÃO DO MARCO

Neste momento, convidamos o Exmo Sr Gen Carvalho e o Sr Joelson Padilha, para realizarem a inauguração do marco histórico.

6. ENTREGA DE BRINDE

Convidamos o Sr Padilha para receber das mãos do Maj Niedson uma pequena lembrança e um diploma como forma de agradecimento, pelo apoio prestado a pesquisa e a este evento, bem como pela autorização concedida para implantação deste Marco.

7. HOMENAGEM AOS QUE PERECERAM NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA E TOQUE DE SILÊNCIO

Para homenagear todos os heróis que pereceram durante a epopeia da Retirada da Laguna, será colocada uma corbelha de flores no monumento, e para esse ato solene, convidamos o Sr Cel Souza e o (???) os descendentes do Guia Lopes da Laguna presentes.

Em homenagem aos que aqui deixaram suas vidas em prol de suas pátrias, o respeitoso toque de silêncio.

8. ENCERRAMENTO

Está encerrada a presente solenidade, o Sr Major Niedson, Cmt da 4ª Cia E Cmb Mec, agradece a presença de todos e os convida a visitar o Marco da Estrada do Jardim.

BIBLIOGRAFIA:

1. TAUNAY, Alfredo D’escragnolle. A RETIRADA DA LAGUNA, EPISÓDIO DA GUERRA DO PARAGUAI. Tradução de Salvador de Mendonça. Typographia Americana. Rio de Janeiro 1874.
2. RONDON, Cândido Mariano da Silva. RELATÓRIO DOS TRABALHOS REALIZADOS DE 1900 – 1906. Departamento de Imprensa Nacional, Rio de Janeiro-RJ, 1949.
3. CAMPESTRINI, Hidelbrando e GUIMARÃES, Acyr Vaz. HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL. Edição Histórica, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande 1991.
4. LIMA, Rita Carmem Braga. JARDIM, A HISTÓRIA DE UMA CIDADE. Editora Palatino Linotype, Impressão Gráfica Bodoquena, Jardim – MS, 2006.

FOTOS: 4ª Cia. Eng. Cmb. Mec. - Jardim - MS.
Inauguração do Marco Km 124


































Um comentário:

  1. Bom dia Professor Vicente, gostaria de saber em qual ano este monumento foi instalado em frente a antiga prefeitura! Atenciosamente Diego Sena

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